Colaboração do professor José Lima Dias Junior.que leciona em Mossoró (RN) na escola Genildo Miranda, zona rual do município. O prof. José Lima também tem um blog, (amantesdeclio.blogspot.com)
Excelente material para debates e comentários. Não deixem de ler!
A escola e os discursos excludentes
"Cada um é feliz a sua maneira".
(Zé Geraldo)
A ideologia e os discursos dominantes têm ao longo da história modelados o destino de pessoas e civilizações. Por isso, um sistema de dominação nos impõe códigos ordenadores dentro dos quais vivemos.
A escola, assim como a família, é uma das agências de sociabilidade mais importantes ao ser humano. Ela é o locus onde aprendemos, nos educamos e nos preparamos para a vida. Mas será que 'aprendemos' tudo o que necessitamos? Será que a escola prepara os alunos para enfrentar a vida?
Por que, ainda, existem na escola os discursos excludentes, o preconceito e a discriminação? Quero, aqui, tratar de uma questão que há bastante tempo a escola vem se negando a encarar que é a sexualidade (isto é, da homossexualidade) "uma das mais importantes e complexas dimensões da condição humana".
As direções das escolas muitas vezes fecham os olhos para não participar(em) de conflitos. O lugar (a escola) que deveria ser neutro quando o assunto é preconceito, também se revela contra pessoas de orientação sexual fora dos padrões estabelecidos, isto é, reforçando a homofobia.
Nas escola públicas, em particular, a questão da homossexualidade sofre preconceito muito acentuado. Isso se dar em todo ambiente escolar, que vai desde o aluno, passando por professores, supervisores, diretores, além do pessoal de apoio (zeladores, merendeiras, secretários etc). A escola não sabe lidar com essa questão (ou finge não saber) e muitas vezes corrobora com o preconceito.
Assim, a instituição escolar com sendo reflexo da vida cotidiana, mas também local de múltiplas transformações deveria ao menos aceitar e respeitar ao máximo as diferenças dos outros. Contudo, educadores e funcionários reagem conservadoramente, atacando a homossexualidade e aos homossexuais.
Perjorativamente, é perceptível no espaço escolar os discursos engendrados que elaboram um discurso homofóbico ao fazerem piadas preconceituosas e atitudes discriminatórias contra alunos com comportamentos homossexuais.
Em decorrência dessas práticas escolares, se faz necessário criarmos mecanismos ou práticas pedagógicas eficazes para combater tais atitudes conservadoras. Sem mudanças das mentalidades, dos discursos vazios, das práticas pedagógicas excludentes e das concepções, impulsionadas pelo discurso dominante, a escola está reforçando a prática da hostilidade e iniquidade contra pessoas homossexuais.
Isso só acontece ainda, infelizmente, porque professores trazem consigo uma definição engessada e conservadora de como jovens deveriam ser e agir. Em razão disso, as pessoas não podem ser inferiorizadas, estigmatizadas (pela família, escola e sociedade) por sua homossexualidade. Com isso, devemos nos fundamentar em atos e palavras antidiscriminação, a fim de coibir pequenos desrespeitos, exclusão, ataques violentos, além das crueldades diretas e indiretas que deformam a vida das pessoas gays.
Mesmo que, o Ministério da Educação, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (1997) tenha oferecido, mesmo que timidamente, às escolas, a possibilidade de trabalhar orientação sexual; os docentes, no entanto, ainda não estão preparados para lidar com essa questão.
Na Antiguidade, a bissexualidade era socialmente aceita e o homossexual considerado. Mas, ao longo da história a homossexualidade foi sendo associada à doença, à perversão ou à criminalidade.
Hoje, em dia, a homossexualidade e a bissexualidade são consideradas desvios da norma, convencionados pelos discursos dominantes, onde as estruturas opressivas são mantidas pelo sistema legal, pelas estruturas familiares, pelas convenções sociais etc, que produzem um argumento insano, desumanizante, e, que isola as pessoas gays merecedoras de respeito, direitos e representação. Como bem observou Sarah Schulman, professora da City University of New York (CUNY) em seu brilhante texto (Homofobia familiar: uma experiência em busca de reconhecimento, editado pela Revista Bagoas, v.4, n.5, jan./jun. 2010), o homossexual quando é descartado (pela família, escola e sociedade) "(...) se transforma em alvo conveniente para a crueldade dos outros".
Em suma, nós educadores não temos o direito de excluir as pessoas por sua orientação sexual, mas, sim, de elaborarmos uma ação capaz de evitar, assim, com "alusões à anomalia, à perversão ou ao desvio" (Ceccarelli, 2010). Com isso, não podemos classificar as pessoas como "normal" ou "anormal" "a partir de sua manifestação ou inclinação sexual", enfatiza Paulo Roberto Ceccarelli, Professor do Departamento de Psicologia da PUC - MG (Homossexualidade: verdades e mitos. Revista Bagoas, EDUFRN, 2010).
Portanto, no ambiente escolar, comportamentos desviantes da norma são frequentemente reprimidos e encarados como problemas. Por consequência, temos que ter um modo singular de olhar que altere a todo momento as estruturas de poder. Assim, o respeito pelo outro deve ser construído em nosso discurso e prática, e, não com o objetivo de sua exclusão. O nosso discurso que exclui, separa e nega, instaura-se num gesto historicamente repetitivo que precisa ser avaliado, questionado e modificando; se é que pensamos evoluir.
Caros amigos! Passei algum tempo ausente mas descobri que muitas pessoas comentaram postagens antigas. Foi uma surpresa muito agradável! Este blog foi criado em 2008 com o objetivo ser mais uma ferramenta de aula. Em 2010 me transferi da escola e não havia condições de utilizá-lo. Agora, em 2013, retorno para uma unidade do Estado onde, acredito, o blog poderá servir, novamente,como complemento das aulas, estimulando a aprendizagem. Bons estudos!
Li a postagem,
ResponderExcluirmas prefiro não ''comentar'', rs.
porque posso ser discriminada por ter uma opinião como a minha. Penso diferente de tudo que escrito acima. Mas em respeito aos demais leitores,meus colegas de escola, não vou divulgar.
Desculpa professora.
Rhayanne Moura, 3002.
PS: este comentário foi só feito para a senhora saber que li e que estive visitando seu blog,
resolvi comentar logo esta postagem por foi a única que sinceramente me interessou a ler e também foi a mais recente.
Rhayanne,
ResponderExcluirRespeito sua opinião, apesar de não concordar com ela. Fico,porém, muito triste e decepcionada comigo por perceber que não consegui, durante estes três anos, fazer vc refletir sobre o tema para ver que SOMOS TODOS IGUAIS, HUMANOS. Que não é nossa opção sexual ou cor da pele, ou aparência, enfim, nada disso importa. No final vamos todos para o mesmo lugar, viramos pó e o que fica são as lembranças que os outros têm de nós. O que importa, portanto, são nossas atitudes, nosso comportamento, nossas ações.
Prof. Rita.
Rhayabnne,
ResponderExcluir"Posso não concordar com nenhuma palavra do que você disse, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo", essa é uma conhecida frase de Voltaire (1694-1778) pensador iluminista do século XVIII, que dirigiu duras críticas aos reis absolutistas, ao clero e a nobreza. Por isso, quero lhe dizer que não há mais razão para vivermos mergulhados na ignorância. Pois, se desejamos construir uma sociedade melhor e tornarmos seres humanos mais felizes é necessário conviver (e respeitar!) com a diversidade.
Prof. Lima Júnior, Mossoró/RN
Não concordo com tudo dito no texto.
ResponderExcluirEu respeito e muito a opção sexual de qual quer um, seja mulher, homem, bixessual, homossexual, da etnia que for, afinal, o direito de livre escolha está ai.
Mas isto não significa que eu ache certo, apoie ou que lutarei por isto.
"Com isso, não podemos classificar as pessoas como "normal" ou "anormal"". Querendo ou não, a maior parte dos homossexuais se dizem anormais, colocam uma discriminação em cima de sí próprios, e pouco fazem algo para serem "normais", e sinceramente, não sou eu quem os fará.
obs: Não vejo como ignorância o ponto de vista da Rhayanne. Seria bom, agir ao invés de criticar opinião de alguém em um blog.
Pedro Souza, 3002.
Prezado Pedro Souza,
ResponderExcluirEm nenhum momento quis dizer que Rhayanne era ou é "ignorante" pelo ponto de vista que apresenta. Não sei se me entendeu... Respeito a visão posta pela mesma. Porém, quero lhe dizer que desejo a ti uma liberdade livre da intolerância.
Caso tenha ficado chateado (assim como Rhayanne, por favor desconsidere o que disse.
Atenciosamente,
Lima Júnior.
A palavra preconceito engloba diversos assuntos . hoje em pleno seculo XXI podemos notar que existe milhões deles. O que mais deixa a população endignada são as opções sexuais , ainda mais quando essa duvida começa na adolescencia , uma fase de desenvolvimento , transformações e identidade.Falar de preconceito nunca é bom , porque mesmo não querendo podemos magoar alguém , por alguma palavra ou expressão.Tenho certeza que cada de nos somos dono da nossa própria vida e dela podemos fazer o que quiser , preconceio existiram ,mas o devemos fazer é seguir em frente e tentar ser feliz .
ResponderExcluirNome:Raiane Queiroz
Turma:3004
Prezada Raiane,
ResponderExcluirFicou feliz pelo seu comentário... Como você mesmo diz, o que "devemos fazer é seguir em frente e tentar ser feliz".
O saudoso Renato Russo já dizia "(...)é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhâ". Por isso, o que devemos fazer é respeitar as diferenças, pois só assim teremos um mundo mais justo e equânime.
Mesmo não lhe conhecendo acredito no seu potencial... Siga em frente, garota, pois o futuro lhe espera.
Atenciosamente,
Prof. Lima Júnior